sexta-feira, 10 de abril de 2009

TEXTOS INTERESSANTES

VOZ ESOFAGIANA - LARINGECTOMIZADO
Ziléa de Oliveira LopesAssociação Educacional Veiga de Almeida(AEVA)
CONSIDERAÇÕES GERAIS DO LARINGECTOMIZADO
1ª P A R T E
HISTÓRICO
Origem da Palavra Laringe
Etimologicamente falando, o vocábulo grego LARUNX passou para o latim LARYNX. A terminologia latina larynx é dogênero feminino e deu origem a palavra portuguesa, laringe.
Segundo Antenor Nascentes, o vocábulo aparece em francês em 1532, em espanhol em 1580, em português em 1582. No século XAX começa a surgir no feminino, como Vieira em 1973 e Aulete em 1874.
Registro Evolutivo sobre a Laringe e as Laringectomias
A mais remota referência feita à existência da laringe se deve a Aristósteles(384-322 A.C.) que a ela se referiu em seu "História Animalum". Apesar desse registro, 5 séculos decorreram para que a laringe reapareça nos registros, desta vez no seu "De usu partium corporis humani" de Galeno (130-220). Nesse livro de anatomia há a descrição dos componentes da laringe e especulação sobre seus mecanismos de ação.
Segundo registros parece não haver dúvidas que a grande maioria das traqueostomias realizadas na antiguidade o foram por asfixia causada por câncer laríngeo.
Em 1854, Manuel Garcia, nascido em Madrid em 1805 e professor de canto do Conservatório de Paris de 1842 a 1850, filho do Compositor Garcia de Servilha, ignorando os ensaios anteriores de laringoscopia, examinou a própria laringe, através de um espelho de dentista. Sua descoberta foi aplicada imediatamente no estudo da glote. Garcia, irmão de Malibran, certo dia procurou um espelho de dentista em casa de Charrière, na rua da Escola de Medicina de Paris, e utilizando a luz solar, conseguiu examinar sua própria laringe e observou todos os movimentos da glote. Estudou a fisiologia da respiração e a fonação e este artista foi o verdadeiro criador do método laringoscópico indireto. Assim, o método foi rapidamente difundido e aperfeiçoado, mostrando ser a forma mais prática e eficiente de examinar a laringe. Em 1858, Tuck e Czermak de Viena, aplicaram a técnica è clínica, utilizaram a luz artificial e o espelho côncavo, vulgarizaram o metido e vieram ensina-lo em Paris.
DESCRIÇÃO CRONOLÓGICA DOS EVENTOS SOBRE A PATOLOGIA CIRÚRGICA DA LARINGE
Em 1778, Pelleton, remove em emergência, um pedaço de carne preso na laringe.
Em 1790. Smith, médico extraordinário do Rei George III, faz o diagnóstico de um câncer laríngeo, confirmado em autópia. Na mesma época Dessault, pratica a tirotomia, para ter acesso à luz da laringe.
Até 1872, Durkan, relaciona 37 casos de tirotomias já praticadas.
Em 1844, Ehrmann, remove um pólipo de laringe cujo aspecto mostrado em seu livro é de um carcinoma.
Em 1868, Salis Cohen opera um câncer de laringe por tirotomia e exibe o seu paciente em 1887 livre da doença.
Em 1873, Albert Christian Theodor Bilroth, fundador e criador da cirurgia gástrica, realiza, em Viena, a primeira laringectomia por câncer. Após a operação feita por Bilroth, sucederam-se outras laringectomias na Rússia, Itália, Inglaterra, Áustria e especialmente na Alemanha.
Em 1895, Kirstein, modifica o esofagoscópio descrito por Mikulicz e opera através do tubo rígido do instrumento, iniciando assim a era da endoscopia peroral da cirurgia da laringe. Esta nova forma de exame designou-se laringoscopia direta.
Em 1905, Chavalier Jackson, com suas inovações, viria trazer o laringoscópio que recebeu o seu nome, contribuindo para o impulso necessário do desenvolvimento da laringologia como especialidade.
Em 1877, Foulis, coleta e publica as primeiras experiências com a laringectomia total.
Em 1879, nos EUA, Langue, realiza a primeira laringectomia total.
Em 1880, Mackenzie, relata a cura de 3 pacientes, entre 19 laringectomias totais.
Até 1880, conhecia-se a existência de 30 laringectomias totais, mas o resultados eram maus.
Em 1881, no Congresso de Cirurgia de Londres, há intensa reação contra a laringectomia e o procedimento cirúrgico foi repelido pela maioria dos cirurgiões. Bilroth, impressionado com os maus resultados, retorna a hemi-laringectomia desenvolvida por Hahn, enquanto outros profissionais voltaram a tirotomia aperfeiçoada por Lutlin e Semion.
Em 1887, um caso de câncer laríngeo provoca grande celeuma. Tratava-se do caso do Príncipe Friederich da Alemanha, cujos jornais da época deram grande cobertura e divulgação. Von Bergman, de Berlim, diagnosticou câncer e recomendou a intervenção cirúrgica. Tendo este cirurgião realizado, na época, sete laringectomias com uma média de sobrevida de 9 meses, devido ao risco, foi ouvida a opinião de Mackenzie, cujo resultado da biópsia não evidenciou câncer. Em 1888. Friederich foi coroado imperador, reinando apenas 3 meses. O diagnóstico da autópsia foi de câncer laríngeo.
Em 1890, foi realizada por Bardenhein e Cisncros a sutura da faringe para isola-la da traquéia durante as laringectomias.
Em 1886, Casanello realiza a primeira laringectomia no Uruguai. Acredita-se que esta tenha sido a primeira laringectomia total feita na América Latina.
Em 1893, na Argentina é feita a primeira laringectomia, esta praticada por Perez.
Em 1904, Le Bee, realizou na França a laringectomia feita em dois tempos, primeiro a traqueostomia e 15 a 20 dias depois a retirada da laringe.
Em trabalho feito por Plínio de Mattos Barreto, sobre as primeiras cirurgias realizadas em alguns países da América do Sul, para o tratamento do câncer de laringe, há o relato de Bulhões, em 1896, que teria operado a laringe, no Rio Grande do Sul.
No início do Século XX há informações sobre a realização de laringectomias totais: em 1914, por Razetti, na Venezuela; em 1915, por Seng, no Brasil; em 1940, por Manuel Rivesos, no Paraguai.
Mascarenhas, em sua tese à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em 1966, cita em seu histórico do câncer de laringe, que Sanson e Amarante, em 1948, relatam que a primeira laringectomia total foi realizada em 1922 por Eduardo de Morais, na Bahia.
Em 1908, Semon relata que a mortalidade pós-operatória para a laringectomia total seria de 19%.
Em 1922, Coulard, realizou 32 casos de câncer de laringe tratados pela radioterapia, sendo o primeiro deles em 1919.
Em 1922, Hayes Martin, realiza uma laringectomia total em paciente nos EUA, o qual apresentado à American Câncer Society, com 50 anos, de evolução da traquéia implantada na pele.
Em 1941, no Brasil, Vasconcellos e Mattos Barreto, apresentam 15 casos de laringectomia total com 0% de mortalidade operatória.
Em 1949, no Congresso Latino Americano de Otorrinolagingologia, em Santiago do Chile, foi proposta a criação de um Comitê permanente para o estudo do câncer de laringe.
No ano de 1950, o citado Comitê, foi nomeado II Congresso Panamericano de Otorrinolaringologia, em Montevidéu e Mar Del Plata e dele participou o laringologista Plínio de Mattos Barretto.
Em 1951, outros brasileiros participaram desse mesmo Comitê: Georges da Silva, do Rio de Janeiro e Artur de Moura, de Recife.
Em 1954, o brasileiro Doutor Antonio Prudente é citado por Alonso, do Uruguai, como sendo um brasileiro que havia contribuído com o enorme avanço à organização da luta contra o câncer.
Na mesma década, em São Paulo, três laringologistas se destacaram na orientação terapêutica do câncer laríngeo. São eles: Mattos Barreto, Arruda Botelho e Jorge Fairbanks Barbosa.
Em 1954, Jorge Fairbanks Barbosa realiza em São Paulo uma laringectomia com esvaziamento cervical, radial bilateral em monobloco. É provável que esta tenha sido a primeira cirurgia no gênero fita em nosso meio.
Na década de 60, a cirurgia endoscopia sofre grande impulso com a introdução da microcirurgia.
Em 1970, foi tentado, por Kilenynskens e Ringois, o transplante da laringe humana. Dosi meses após a cirurgia foram suspensas as drogas imonosupressoras, havendo rejeição aguda, após 15 dias da retirada das citadas drogas. Durante o período da não rejeição, houve restabelecimento da deglutição, voz e respiração.
Por quanto tempo resistirá a laringectomia total? O avanço tecnológico e científico evoluirá criando alternativas para substituí-la?
Em 1910, Seeman publicou pela primeira vez como reabilitar o laringectomizado através da voz esofagiana.
Os registros estatísticos mostram que o câncer de laringe é uma doença predominantemente masculina; de 23.000 casos citados, 18.600 são de pessoas do sexo masculino.
Com o aumento da sobrevida, acrescido ao aumento, de um modo geral, da longevidade da população de laringectomizados, tornou-se evidente a necessidade de um interesse maior pelos aspectos da reabilitação, que se seguem a laringectomia.
Atualmente, logo após a cirurgia, os laringectomizados estão se tratando com mais freqüência na fonoaudiologia. Embora tenhamos informações de que certo número de laringectomizados não decidiu por semelhante procedimento e outros não deram prosseguimento a terapia iniciada.
No sentido de conseguirmos um resultado cada vez melhor, qualitativa e quantitativamente na, reabilitação dos laringectomizados é importante o desenvolvimento de processos empregados na sua total recuperação.

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